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Fotos | Maria Rita canta no aniversário do Clube Pinheiros

1 de outubro de 2015 Deixe um comentário

Entre o show do Tijuca Tênis Clube e o Rock in Rio no último final de semana, Maria Rita achou espaço em sua agenda para cantar no jantar de aniversário do famoso Clube Pinheiros, em São Paulo.

No sábado (26), Maria Rita levou seu “Coração a Batucar” para os convidados da festa e para o público em geral, e apresentou as canções do novo trabalho e sucessos de outros trabalhos como “Cara Valente” e “Coração em Desalinho”.

Confira aqui, e logo abaixo algumas fotos do Ricardo Bufolin!

Foto: Ricardo Bufolin

Foto: Ricardo Bufolin

Cantora apresentou o show

Cantora apresentou o show “Coração a Batucar” em São Paulo

As definições de Grammy foram atualizadas!

26 de novembro de 2014 Deixe um comentário

Coração a Batucar - Grammy Latino

Coração a Batucar é indicado ao Grammy

Coração a Batucar foi indicado como Melhor Álbum de Samba/Pagode na 15ª edição do Grammy Latino.

http://www.latingrammy.com/pt/nominees

Confira a lista de Grammys da cantora:

contas

Cab | Vídeos do show de sexta, no CitiBank Hall, SP

CAPA | ‘O samba decidiu por mim’, diz Maria Rita

Fonte: Estadão | Também nas bancas de jornais, hoje (sexta, 23)

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Maria Rita vem a São Paulo para lançar seu disco de sambas Coração a Batucar, hoje, às 22h, no Citibank Hall. A temporada de expectativas que a rondam desde que ela começou a se entender por cantora foi aberta logo que chegou ao fim Redescobrir, a turnê com a qual percorreu o País cantando o repertório da mãe Elis Regina. Foram tempos de amor e de dor. Do amor ela fala, da dor, não.

Coração a Batucar é a pedra do samba em estado bruto polida com seda. Sai de uma formação de grupo pensada pelo arranjador Jota de Moraes que foge às convencionais rodas de samba. Davi Moraes faz guitarras, Rannieri Oliveira toca teclado Fender Rhodes. As críticas a receberam muito bem no primeiro show realizado no Rio de Janeiro. Agora, é a vez de São Paulo.

Depois da extensa temporada com você cantando músicas de Elis, muita gente se pergunta como vai voltar Maria Rita. Essa expectativa era sua também?
Não, sabe por que? Eu fico alheia, fora dessas coisas. Isso foi martelado pela equipe que trabalha pra mim. Gravadora, assessoria de imprensa, que têm essa visão mais objetiva. Eu me propus fazer a homenagem à minha mãe, fiquei satisfeita, muito orgulhosa de mim. Aí quando vem o pessoal falar da expectativa, eu não consigo ver o que está acontecendo do lado de fora. Hoje eu lembro e digo que foi uma loucura, mas graças ao distanciamento.

Aliás, expectativas devem rondar sua vida desde os primeiros anos em que você segurou um microfone… 
Praticamente meu nome é Maria Expectativa Rita Expectativa Camargo Expectativa Mariano. Quem trabalha comigo me alertou muito. Aí, vem um com um número de venda, ok. Isso tem algum peso, por dois minutos, e então eu falo “Tá, deixa eu fazer o que sei fazer.” Hoje sei que quando faço focada, sai com verdade e o público gosta. Mas quando faço pensando na expectativa dos outros, fica ruim, não dá certo.

Fazer um álbum de sambas foi uma decisão fácil depois de Redescobrir?
Não muito, fiquei com certa dificuldade de me localizar, saber o que eu precisava fazer. Foi a primeira vez em que falei ‘e agora, vou pra onde?’ Não senti isso depois do álbum Samba Meu, nem depois do Grammy Latino. Passou o tempo, eu fiz o show no palco Sunset do Rock in Rio cantando Gonzaguinha e ali eu falei “Rapaz, que saudade que eu estou disso”. Sem querer parecer muito romântica, acho que foi o samba que decidiu por mim. O encerramento da turnê de Samba Meu foi muito sofrida, chorei muito, pensava em como iria viver sem aquilo, era muita alegria. Meu drama era ficar sem o palco. Mas eu não havia saído do samba, só fazia com outro grau de intensidade

Você fechou a história de cantar Elis? Faria de novo um projeto como aquele?
Eu acho que sim, eu fiz em um momento bom, certo, da forma como eu queria, mas não veio sem nenhum tipo de machucado. Fiquei espantada com o oportunismo das pessoas em torno do nome da minha mãe, coisas que aconteceram por trás das cortinas mas que não vêm ao caso. Isso foi muito frustrante para mim, muito dolorido. Por causa disso, acho que minha missão foi muito bem cumprida para ela, minha missão de filha. Eu já fiz o que eu tinha que fazer. Não sei daqui a 10 ou 20 anos o que vai acontecer, mas acho que está aí, passou. Não vou rejeitar, no novo show canto uma de Redescobrir, mas fazer desta forma com tal intensidade, eu diria hoje que não faria.

Uma cantora muda depois de uma experiência como essa, de cantar Elis por tanto tempo? Você aprendeu recursos de canto que não tinha, por exemplo?
Não era fácil, e por isso eu me permito ser arrogante pra dizer que ninguém canta Elis Regina como eu. E olha que eu não gosto de pagar pau pra mim mesma, não faço isso.

Romário entrava em campo dizendo a si mesmo que era o melhor jogador do Brasil. Você também faz isso?
Eu não digo que sou a melhor cantora do Brasil, digo que sou uma das melhores. Acho que podemos pensar assim para ganhar autoconfiança. Em vista do que foi aquele repertório (de Elis), eu sinto que sou sim uma cantora melhor hoje do que eu era. Eu tinha medo de explorar algumas técnicas, brincar mais com a voz, sair, e isso está aparente no disco novo, que soa mais livre.

E você é uma pessoa mais feliz depois de ter feito isso?
Acho que feliz não é a palavra, a palavra é mais aliviada. Havia aquela cobrança no início, as pessoas colocando palavras na minha boca. Depois me distanciei dela quando comecei a cantar e, com Redescobrir, trouxe ela de volta para meu o coração, minha alma, é uma lição de vida. Minha mãe cantava só aquilo em que ela acreditava. É um prazer muito grande trazer minha mãe para dentro de casa de novo. E é um alívio ver as pessoas entendendo isso. Claro que tem lá um número de gente que não entende, mas é um alívio ter isso tudo limpo e esclarecido.

Algumas críticas saíram dizendo que você estava fazendo um samba mais sofisticado…
A gente tem que tomar cuidado com categorias pra não cair no caricato. Eu tenho cuidado com minhas sonoridades em todos os meus discos, por que não teria com esse? Quando dizem que a capa não tem a ver com samba. que a sonoridade é sofisticada, a pessoa que diz isso me parece preconceituosa. A sonoridade do disco é ousada, eu reconheço. Tem guitarra e tal. Mas o Jota de Moraes, o Jotinha, que é um cascudo maravilhoso, disse que esse formato de banda é a sonoridade de grupo de samba dos anos 50, início de 60, quando não tinha cavaquinho nem banjo, É o contrário, é o samba mais tradicional do que a roda convencional. E eu não vou fingir ser uma pessoa que eu não sou. Quando me colocam dessa forma, vejo preconceito. É minha maneira de fazer. Eu não sou a Jovelina Pérola Negra nem a Dona Ivone Lara, e não pretendo ser.

Há algo acontecendo com o samba de especial. Gilberto Gil lança disco dos sambas de João Gilberto, O Prêmio da Música Brasileira fez homenagem ao samba. A Nívea homenageia o samba com um show em São Paulo neste final de semana. É tudo uma grande coincidência?
Será que é inconsciente? Será que há um patriotismo por causa da Copa? Confesso que tive um minuto de preocupação também quando vi que iriam sair tantas coisas sobre o samba. O 
eu disco estava pronto em dezembro. Pode ser uma onda que está passando e que a gente, inconscientemente, acaba pegando. Mas é aquilo, o samba também nunca foi a lugar nenhum. Tem artista novo na Lapa toda semana.

MARIA RITA
Citibank Hall. Avenida das Nações Unidas, 17.955,
Santo Amaro, tel. 2846-6010. 
6ª (23) e sábado (24), às 22 h. R$ 40 a R$ 240.

 

Agenda atualizada

Coração a Batucar Tour, próximas paradas: São Paulo e Rio de Janeiro!

Está chegando a hora São Paulo! Dias 23 e 24 de maio tem show da Maria Rita! Ingressos e mais informações:http://bit.ly/MariaRitaT4FImagem

CAB | Maria Rita vem a São Paulo e avisa: “Alto lá! Túmulo do samba?”

Fonte: Glamurama | Por Verrô Campos

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Maria Rita traz para São Paulo, nos dias 23 e 24 deste mês, o show “Coração a Batucar”, todo de sambas. Aproveitamos para um bate-papo com a cantora sobre São Paulo, Elis, sua relação profissional com o marido Davi Moraes e, claro, samba. Voilà!

Você chega a São Paulo com o show “Coração a Batucar”, todo de samba. Você concorda com o título da cidade de túmulo do samba?
De forma alguma! Isso é muito antigo. Às vezes eu brinco com os músicos quando sai algo errado nos ensaios: “Tem paulista no samba”, mas não. Nossas escolas, desfiles, as composições e sambas são maravilhosos, tenho no meu show composições dos paulistas do Samba da Vela. Alto lá! Túmulo do samba?

Como é a sua relação com São Paulo?
Estou animada em me apresentar por aqui. São Paulo é a minha cidade, a minha casa, foi onde pisei no palco pela primeira vez. Nasci na Serra da Cantareira, morei aqui até os 16 anos, mas com uma longa temporada de shows de minha mãe no Rio. Depois fui para os Estados Unidos, onde morei até 2007. Tenho aquela relação de amor e ódio com a cidade, típica dos paulistanos.

O musical “Elis, a Musical”, sobre mãe, também está em cartaz na cidade. Você já assistiu?
Não consegui, estava na produção do disco e depois do nascimento de minha filha, Alice, fiz uma cirurgia de hérnia, tive que ficar dois meses de cama, ainda sinto dor. Mas pretendo sim, tudo o que diz respeito a minha mãe me interessa. Tenho certeza de que o espetáculo está em boas mãos: Denis Carvalho (o diretor) é um eterno apaixonado por Elis, o texto é do Nelson Motta e a produção do Calainho. Melhor, impossível. Mas vou por curiosidade, deve ser muito emocionante, a vida da minha mãe foi muito emocionante.

Como é trabalhar com o seu marido, Davi Moraes, no show? (é ele quem comanda a banda)
É muito tranquilo, foi Davi quem me ajudou a montar a banda, ele é muito profissional, trabalha desde os 17 anos, quando começou com o pai, Moraes Moreira. O marido fica na coxia, a gente é parceiro, tem uma admiração mútua.

No show você tem uma parceria com Fause Haten, que assina cenário e figurino. Você é ligada em moda?
Muito, desde a minha adolescência. Vejo a moda como expressão artística, sou muito próxima do Fause e também do Paulo Borges (idealizador da SPFW).

Como você sentiu a morte de Jair Rodrigues no dia 8 deste mês?
Eu não era tão próxima dele, até por uma questão geográfica, não tive essa felicidade… Quando estivemos juntos, ele foi carinhosíssimo, um fanfarrão, é o que quero guardar dele. Era impressionante, não dava para dizer a sua idade. Tenho uma relação com despedida um pouco complexa porque, ao mesmo tempo que é difícil para mim -tive que lidar com isso muito cedo na minha vida- eu compreendo. Acho que ele está bem.

SERVIÇO:
MARIA RITA – Turnê “Coração a Batucar”
Patrocínio: SKY
Realização: TIME FOR FUN
Data: 23 e 24 de maio de 2014
Horário: Sexta-feira e Sábado às 22h.
Local: Citibank Hall – Av. das Nações Unidas, 17.955 – Santo Amaro.

HOJE: Maria Rita se apresenta no Fantástico em homenagem ao Dia das Mães

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O Fantástico deste domingo faz uma homenagem às mães de todo o Brasil. Maria Rita, convidada da semana, fala sobre maternidade e das lembranças que tem de sua mãe, Elis Regina. A cantora se apresenta no palco do programa.

CAB | O Samba nasceu em mim

Por Alessandra Alves | Leia no blog

Quando se anunciou que Maria Rita estava preparando seu novo disco e que ele teria apenas sambas, era natural que se pensasse que estava a caminho um “Samba meu” número 2. Gravado em 2007, “Samba meu” foi uma guinada corajosa da cantora em seu terceiro álbum de estúdio. Nascida na MPB e logo alçada à condição de uma das principais cantoras do gênero, Maria Rita rasgou o rótulo. Concebeu um disco e um show inteiramente ambientados no uniImagemverso do samba. Foi um grande sucesso, levado a várias cidades brasileiras em espetáculo grandioso, mostrando uma cantora com personalidade cada vez mais marcante e uma mulher a cada dia mais segura, sensual e bonita. À época, escrevi sobre “Samba meu” neste mesmo blog.

A aventura de Maria Rita no samba não havia começado ali. “Cara valente”, do primeiro álbum, já flertava com o gênero. Em “Segundo”, seu disco de 2007, “Recado” e “Conta outra” assinalavam a presença do gênero entre canções de MPB. Tudo, ainda, em um universo fortemente jazzístico, ancorado no trio teclado-contrabaixo-bateria que acompanhou a cantora em seus primeiros trabalhos. “Samba meu” pôs o pé no terreiro, mergulhou em pandeiros, tamborins e cuícas. Era um disco de samba e ponto. E, de fato, o samba nunca saiu do repertório da cantora. No disco seguinte, “Elo”, as presenças de “Coração a batucar” e “Coração em desalinho” preenchiam a cota de samba e, no trabalho seguinte, “Redescobrir”, uma profusão de canções do gênero: “Saudosa maloca”, “Ladeira da Preguiça”, “Vou deitar e rolar”. No ano passado, ao participar do Rock’n’Rio, a abusada escolheu um repertório baseado todo em músicas (sambas!) de Gonzaguinha. No Rock’n’Rio, sim senhora! Rotule-me se for capaz…

Não seria, portanto, nada estranho que Maria Rita gravasse um novo disco de sambas, mas a primeira audição já mostrava que “Coração a batucar” não era um “Samba meu” número 2. O segundo disco só com sambas da cantora não é mais do mesmo, por várias razões, e todas convergem para ela mesma.

Antes, há que se entender a razão pela qual Maria Rita decidiu gravar mais um disco inteiramente dedicado ao samba. Evidentemente, porque ela gosta de samba e, diacho!, a gente costuma fazer melhor aquilo que faz com prazer. Maria Rita tornou-se membro de comunidades de samba de relevo, como o bloco Bola Preta, no Rio, e a escola de samba Vai-Vai, em São Paulo. Mas há uma razão secundária que me parece bastante plausível, embora fruto só da minha percepção: Maria Rita carrega a bandeira do samba para dentro da MPB, como uma espécie de missão.

Em décadas passadas, importantes nomes da MPB baseavam suas carreiras em sambas ou incluíam sambas regularmente em seus repertórios: Chico Buarque, Paulinho da Viola, Clara Nunes, Beth Carvalho, Caetano Veloso, Maria Bethânia e, claro, Elis Regina. Hoje, escasseiam artistas fazendo essa ponte. Marisa Monte gravou um belo disco de sambas há alguns anos, mas, de forma geral, a fronteira entre MPB e samba hoje parece mais sólida. Ouça uma  rádio dedicada à MPB contemporânea e tente ouvir um samba. Vai ser difícil. Com Maria Rita empunhando essa bandeira, é possível ouvir Arlindo Cruz ou Zeca Pagodinho nesse ambiente. Ela sabe que tem essa influência, que eu tenho quase certeza ser compreendida por ela como responsabilidade.

“Coração a batucar” é o trabalho de uma artista madura, a começar pelo fato de ter produção e direção musical da própria Maria Rita. Falando em responsabilidade, não é desprezível a opção por acumular estas funções à de cantora. Não que fosse pouco “apenas” cantar, mas Maria Rita quis mais e produziu um disco que não é mera compilação de músicas, é um conceito exposto em treze canções, uma história contada, com começo, meio e fim. Esta é uma das razões pelas quais “Coração a batucar” não é “mais um disco de samba” da cantora. Mas há outra, mais importante e evidente para quem escuta o CD já na primeira vez: a voz. Maria Rita nunca cantou tão bem, e com tanta personalidade, e com tanta coragem.

Quem me conhece há mais tempo sabe que sou comentarista de Fórmula 1. Ao escutar “Coração a batucar” pela primeira vez, por vezes eu me enxerguei à frente de Lewis Hamilton, ou de Fernando Alonso, ou de Sebastian Vettel ou, em um rasgo de nostalgia, de Ayrton Senna ou de Gilles Villeneuve. Cada vez que Maria Rita embalava em uma frase musical que, por lógica, terminaria em um agudo improvável, eu sentia o mesmo arrepio de quando um desses pilotos indomáveis armava o bote para fazer uma ultrapassagem por demais arriscada. Passa de coragem, é destemor quase irresponsável, é quase ação suicida. Não é possível, ela não vai alcançar. Não pode ser, ele vai bater. Um arrepio de mãe vendo o rebento equilibrar-se na bicicleta pela primeira vez. Mas ela alcançou, fácil, e várias vezes, e meu sorriso foi como o de ver Hamilton defender-se de um ataque feroz do companheiro Nico Rosberg no último GP do Bahrein. Sorriso de gol de bicicleta, sorriso de ver e ouvir a beleza materializada em um CD que ganhei de presente. Deve ter custado uns R$ 25,00. Custasse R$ 250,00, era barato.

O CD abre com “Meu samba, sim senhor”, cartão de visita ideal de quem se anuncia “mais uma vez, aqui estou”. E vai sambando miudinho, crescendo na intensidade instrumental e vocal, nas faixas seguintes. O primeiro desses mergulhos no ar – sem cama elástica por baixo – a me chamar atenção foi em “No meio do salão”, música que poderia muito bem ser a versão fêmea ferida de “Sem compromisso”, clássico de Geraldo Pereira eternizado na voz de Chico Buarque. Ele diz “você só dança com ele e diz que é sem compromisso (…) quem trouxe você fui eu, não faça papel de louca, pra não haver bate-boca dentro do salão”. Ela reclama “eu te trouxe pro samba, para comigo dançar, como se atreve, dançar com outra pra quê?”. A ira da mulher traída manifesta-se com o drama que merece quando a cantora disfere “quer me fazer de palhaça, eu já não quero nem graça, da próxima vez e outra vez eu não quero falar…” em uma modulação extraordinária, desembocando em um agudo magnífico.

A história vai ficando densa e séria, como se a brejeira cantora da faixa de abertura fosse mergulhando no universo desse samba que não é só alegria e celebração, mas veículo para também transportar dores de amores e outros dissabores desta vida, ao chegar à décima faixa, “Rumo ao infinito”, canção de Arlindo Cruz escolhida como música de trabalho do CD. Arlindo parece ser o compositor preferido de Maria Rita nesse gênero, e, se é mesmo, não é por acaso. São três as composições dele no álbum. Provavelmente, as mais belas. Escutei “Rumo ao Infinito” como se fosse também uma resposta, um diálogo com outra canção do mesmo autor, “Trajetória”, gravada em “Samba meu”. Nesta, um ser apaixonado e desiludido anuncia sua partida, após perceber-se desprezado. “Agora queira dar licença que eu já vou, deixa assim, por favor…”. Mais íntegro e sereno, o par parece responder, em “Rumo ao Infinito”: “vem cá, me dê um abraço, isso é coisa de momento, eu sei que vai passar”. Tudo perfeito: vocal, arranjo, música e letra encaixadinhas. Que grande clássico Maria Rita perpetrou nesse trabalho…

E emenda com outra de Arlindo Cruz, “Mainha me ensinou”, e quem disse que não pensa em Elis Regina ao ouvir esta canção é mentiroso ou muito distraído. Mainha ensinou Maria Rita e todas as outras cantoras que vieram depois dela como é que se faz. Ninguém aprendeu mais que a filha, geneticamente aparelhada para fazer isso melhor que ninguém. A música não descreve uma mãe cantora ensinando o ofício à filha. Mostra uma mãe sábia ensinando a cria a ser um ser humano por inteiro, a ser gente. Depois de ter cantado o repertório de Elis Regina e de ser laureada por público e crítica por isso, Maria Rita hoje não tem medo de nenhum grave, nenhum agudo, nenhum desafio profissional parece-lhe mais arriscado. E, primeira cereja do bolo, emenda “Mainha me ensinou” com uma música da compositora Joyce, “No mistério do samba”, a mesma de “Essa mulher”, tida como uma das canções eternizadas por Elis que mais expressam a percepção da própria Maria Rita com sua vida e sua escolha por ser cantora.

Nesta altura, o clima do álbum já é de pura celebração e homenagem ao samba. Nada mais apropriado que encerrá-lo com “É corpo, é alma, é religião”, do mesmo Arlindo. Espécie de testamento da própria cantora, a letra começa dizendo: “eu não nasci no samba, mas o samba nasceu em mim”, e se desenvolve em grande apoteose carnavalesca, encerrando um extraordinário novo trabalho de Maria Rita. Extraordinário, não: “Coração a batucar” é o melhor disco já gravado por Maria Rita. Arranjou pra cabeça, cantora… É óbvio que mal podemos esperar pelo próximo.